Este é meu segundo livro de poemas, lançado em 2008 pela Canal6 Editora (Bauru/SP). A editora só deu o selo, porque tudo foi bancado por mim: a diagramação do livro foi feita usando o bom e velho Word para o miolo e o Corel Draw para a capa. A imagem da capa é um fragmento de uma tela de minha autoria, bem como as fotos e ilustrações do interior.
Eu já falei sobre isso antes, mas, ao contrário do que parece, os poemas deste livro falam não só sobre a M@quina – assim, com arroba, para representar a máquina pós-moderna da imagem – mas sobre o Homem, sobre o que é ser humano no começo do século XXI, de como perdemos o que há de humano em nós e de como o que há de humano em nós também é corrupto – não posso ignorar Baudelaire, para quem
“l’homme , c’est-à-dire chacun, est si naturellement dépravé”.
Para isso eu percorro “paisagens” ora apocalípticas, ora redentoras, ora melancólicas – Pessoa diz que “todo estado da alma é uma paisagem – que vão descrevendo a M@quina enquanto revelam a própria face contraditória do homem dito “pós-moderno”. O livro se divide em cinco partes: A Proto-M@quina, A M@quina, A Anti-M@quina, A Hiper-M@quina e O Pó. Inicialmente o livro deveria ter quatro partes, cada uma com dez poemas, o que daria o número de quarenta, que acho um número meio cabalístico. O percurso do livro não é o percurso do que chamo ‘m@quina’, mas a perspectiva do narrador dessa odisseia frente a ela. O capítulo inicial retoma a temática metalinguística, uma vez que retorno à reflexão sobre o fazer poético como o que precede a experiência com a m@quina, mas ao mesmo tempo prepara o olhar para ela. Por isso os dois próximos capítulos são antagônicos: m@quina e anti-m@quina, o que há de humano em cada uma delas – veja que não há dicotomia entre algo como m@quina/ não-m@quina, uma vez que considero que se imbricam. Daí usar ‘anti’ no lugar de ‘não’. A hiper-m@quina é aquilo que a princípio restaria, síntese ou resquício do que sobrevive ao conflito homem/m@quina. Mais uma vez, não se trata da oposição orgânico/inorgânico. Se pudesse pensar em oposições, ficaria com velocidade/paisagem, automatismo/ detalhe ou qualquer outra mais disparatada. Nesse quarto bloco eu retorno a temas como infância, família e afetos. Aquilo que acho que ‘suplanta’ a m@quina.
Mas, depois de dar o livro como acabado, surgiu o capítulo O pó, que é um único poema em seis partes, que me veio de um só fôlego, numa noite só. Depois de ler o livro todo, esse poema veio como uma segunda síntese e é quase um epílogo do livro, quando o narrador se afasta das paisagens apocalípticas das quatro primeiras partes e, aí sim, sintetiza, de maneira particularmente verborrágica, o percurso do homem e sua luta/paixão com/pela m@quina. Ao mesmo tempo, O pó traz uma reflexão sobre a dita ‘condição pós-moderna’, esse limiar sem nome em que supostamente nos encontramos. Não posso negar influências surrealistas nessa última parte, o que não me obriga a classificar esse livro como neossurrealista ou coisa que o valha.
Acredito, de qualquer maneira, que foi nesse livro que assumi de vez a poesia como uma forma de pensar. Sei que criticarão essa minha ‘poética’, ou seja, minha maneira de perceber a poesia, mas longe de mim achar que essa é a única acepção para o termo.
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