Laboratório: fim da temporada

Ontem aconteceu no Teatro Hermilo Borba Filho o final da primeira temporada do Laboratório: Literatura & Crítica.

Apresentei esta edição, em que Lourival Holanda e Jomard Muniz de Britto, o famigerado mau velhinho, fizeram um balanço sobre os impasses da crítica e ainda me ajudaram a fazer um balanço de vários temas discutidos durante esses seis meses laboratoriais.

Refletindo sobre essa primeira temporada, acho que alguns dos objetivos que nos propusemos quando começamos a pensar o formato do Laboratório foram alcançados. Primeiro: criar um espaço para se discutir a produção contemporânea e exercitar a crítica, fazendo uma reflexão sobre seu papel, seus espaços de circulação e as suas idiossincrasias. Segundo: conseguir provar que existe, sim, um público interessado nessas discussões. Esse foi até um dos questionamentos que nos fizemos quando começamos a formatar a coisa toda. Terceiro: pudemos exercitar um formato ágil, que favorecia um debate sério, mas sem formalismos desnecessários, em que a participação do público era relativamente maior do que normalmente acontece nesse tipo de evento.

Com certeza, muitas coisas ainda precisam ser alcançadas. Primeiro: embora tivéssemos trazido autores contemporâneos para as discussões, entre eles, Ronaldo Correia de Brito, Miró, Fábio Andrade e Rinaldo de Fernandes, senti uma necessidade de trazer dar espaço aos mais novos que tenham uma produção digna de nota (da lista anterior, Fábio Andrade efetivamente faz parte dessa geração). Segundo: precisamos tentar descobrir uma forma de explorar uma participação mais contundente dos convidados e da plateia; efetivamente, em alguns momentos acho que o formato de talk-show deixou os convidados pouco confortáveis em se colocar de maneira mais firme sobre alguns temas, muito embora questione se não aconteceria com outros formatos de apresentação ao vivo. Nesse sentido, o Laboratório precisa amadurecer para ser um espaço de crítica sem reservas nem concessões. Esse amadurecimento se dará, a meu ver, pela própria existência do Laboratório e pelo exercício da crítica que favorece. Isso foi algo que o próprio Jomard ontem levantou: o fato de haver compromissos e comprometimentos que muitas vezes impedem o crítico de ter uma opinião completamente isenta. Uma utopia mudar isso, mas sou afeito a utopias. Terceiro: algo que Cristiano Ramos disse em algum momento é que precisamos definir o que é o Laboratório: um evento presencial, um programa de TV, o quê? Lembro que na época discordei desta necessidade, mas admito que algumas linhas precisam ser definidas para que nem uma coisa nem outra fiquem prejudicadas. Acredito na capacidade de o Laboratório vir a ser muitas coisas, primando pela qualidade em cada um de seus produtos. Esse é um dos desafios da segunda temporada.

De qualquer forma, acho que esta primeira temporada do Laboratório foi muito proveitosa, principalmente porque me deu a aportunidade de trabalhar com pessoas incríveis como Cristhiano Aguiar, um dos profissionais da área mais competentes que conheci, Bruno Piffardini, com quem já trabalhava, mas em outra dinâmica, que é o Urros e que pude conhecer em sua veia mais acadêmica sem ser academicista, Cristiano Ramos, cujo senso crítico ajudou muito a tirar o Laboratório de algumas encruzilhadas, e  Jomard Muniz de Britto, o office boy não remunerado da literatura pernambucana, esse último alguém incrivelmente coerente e uma presença contestadora importantíssima para essa nossa província.

Fora isso, agradecer a um monte de gente. Ao pessoal que trabalhou na produção, alguns que já haviam trabalhado na primeira FreePorto e que continuaram com a paixão de fazer o Laboratório acontecer: Anna Paula, Jéssika, que vem a ser minha enteada e aguentou meus pitis caseiros, e Lucas Magno, todos guerreiros de primeira hora. Aos novos amigos que passaram a trabalhar comigo: Rosália e Arion, este último que entrou no meio do caminho mas abraçou de verdade o projeto. Também a Carol Mercez da SubFoco e Tarciana, que fotografaram tudo, à querida Mariane Bigio, da Jema Produções, que filmou e editou primorosamente os Labs e vai fazer as adaptações para que em outubro tudo vá para a TV Pernambuco. A Jaime Junior, pela ajuda na primeira e atropelada edição do Laboratório. Ao Interpoética, comandados por Cida, Sennor e Raimundo, que ajudou com a divulgação e com a infraestrutura do Laboratório. À Revista Crispim, pelas reflexões feitas  sobre o Laboratório em seu site. Ao projeto Literato, comandado por Izabella Lucena, que nos  apoiou com lindos brindes que foram sorteados e concorridos pela plateia durante toda a temporada. E ao SINPRO-PE, que patrocinou essa festa de exercício daquilo que mais presamos: a possibilidade de exercitar a crítica de forma aberta, como um espaço de construção do indivíduo e da sociedade.

A todos que esqueci, muito obrigado. Até a segunda temporada, em 2011. Antes disso, próxima semana teremos a estreia do Laboratório: Bastidores, com a leitura de trecho do novo romance de Raimundo Carrero, que conversará com Cristhiano Aguiar, no Espaço Cultural Banquete.

Aguardem novidades!

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