O ódio sempre será nossa pátria?

Num futuro próximo, Cláudia volta a um país que a odeia para cumprir uma promessa e desfazer uma injustiça. Mas o tempo sempre cobra seu preço e voltar para casa pode não ser a melhor escolha. Adquira seu exemplar de Emilio e acompanhe as novidades sobre o livro neste hotsite exclusivo.

LEITORES

Impossível abandonar a leitura. O final é impactante

Ignácio de Loyola Brandão
escritor

Um projeto estético em que a obra desloca os olhares para fora da tradição branca. Isso é significativo quando pensamos literatura.

Pilar Bu
crítica literária

Emilio se destaca no cenário brasuca contemporâneo.

Olyveira Daemon
escritor

Emílio mostra os muitos temas que precisam ser ditos sobre esse modelo de sociedadezinha cancerígena que a gente vive.

Daniela Câmara
atriz

Livro phodástico do Wellington de Melo, lido (no kindle) e recomendado.

Xico Sá
escritor e jornalista

Emilio é aquele tipo de romance que seduz e engana o leitor a cada capítulo; e isto é ótimo.

Caetano Vilela
encenador

Pare o que estiver fazendo, pois esse é o romance que você precisa ler agora.

Ricardo Postal
professor e crítico

Emilio incomoda. Como deve fazer toda obra de arte.

Caê Guimarães
escritor

Wellington de Melo acerta no tom desse romance que, ao meu ver, é de longe seu melhor trabalho ficcional.

Nivaldo Tenório
escritor

AVALIAÇÕES

Díllan Vieira de Melo
Díllan Vieira de Melo
@dillanvm
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Emilio é sobre aqueles que não puderam escolher seus papéis no drama da vida tal qual seus duplos, ou não, desfavorecidos por sua posição social, marginalizados com evidência pela cor de sua pele, postos uns contra os outros, enquanto os verdadeiros inimigos, ou rivais, se acovardam atrás de seus portões de ferro em torres de vidro decoradas com estátuas falsas.
Geórgia Alves
Geórgia Alves
@georgia.alves1
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O romance de Wellington de Melo é o livro mais Realista no sentido estético que li nos últimos tempos. É acelerado e polifônico como a realidade. Um cabo de guerra entre meu desejo de abraçar e curar todos os males e o medo de ser arrastada por seus conflitos invisíveis.
Brenda Martoni
Brenda Martoni
@b.martoni
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O romance Emilio escrito por Wellington Melo é sem dúvida uma obra que deve ser lida por aqueles que gostam de uma trama bem elaborada, com temáticas atuais e abordagens reflexivas. Quase 400 páginas de uma leitura fluida, que prende o leitor querendo sempre ler o próximo capítulo.
Jackson Nascimento
Jackson Nascimento
@historiaelivro
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Uma obra de arte a reverenciar os antigos clássicos da literatura mundial. É uma viagem planejada nos mínimos detalhes, precisa, bela, de encontros e despedidas em que o tempo é o Senhor que guia pelos caminhos por onde é preciso passar.
Dayvison Amaral
Dayvison Amaral
@dayvisonamarall
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A narrativa de Wellington é ao mesmo tempo sensível e ácida, um equilíbrio raro que me fez questionar e me emocionar. A forma como ele constrói esse mundo distópico e suas camadas, refletindo tantas questões humanas e sociais, tornou o livro mais do que uma simples leitura — foi uma experiência.
Rômulo César Melo
Rômulo César Melo
@meloromulocesar
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A satisfação de encontrar um enredo farto sem perder a sofisticação da linguagem. É algo que muitos leitores buscam. Um texto capaz de nos mostrar diversas possibilidades de reflexão e debate, tanto alicerçadas em temas atemporais desafiadores da humanidade, quanto em questões atuais e ditas polêmicas, mas trazidas à tela não como panfleto ou ensaio.
Nadezhda Batista
Nadezhda Batista
@nad_escreve
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Um agora que também é ontem e se caminha para amanhã. As referências são extremamente bem colocadas, tanto as costuras com grandes clássicos, quanto com acontecimentos reais. Wellington tem técnica, tem imaginação e tem domínio sobre as palavras. Livraço pra quem gosta de ler e escrever. Entretenimento e aula ao mesmo tempo. Leiam!
Cláudio Almeida
Cláudio Almeida
@claudio_almeida17
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O tema ódio e o amor possível, sem cobranças e desprendido, que permeia nossa sociedade, não interfere no desfecho surpreendente desse romance, onde a protagonista nos deixa livres para criar um final, por nossa "conta e risco", em que o amor parece vencer, apesar da nossa sede em obter uma resposta previsível aos padrões criados no nosso imaginário do quê seria justo, porém a realidade não é bem assim. Recomendo!

DIÁRIO

Bastidores do romance

Durante a escrita do romance, escrevi alguns artigos como parte do projeto de incentivo do Funcultura para aproximar os leitores de meu processo criativo. Aqui, poderá conferir o resultado e deixar suas impressões sobre os bastidores da escrita de um romance. Incluo também várias imagens de meus cadernos. Vamos lá?

Coadjuvantes têm também suas próprias jornadas, seus arcos narrativos, que muitas vezes são obscurecidos ao longo do processo de escrita.

Um dos aspectos mais difíceis na escrita de um romance é encontrar e estabelecer seu sentido de unidade. É no que trabalho agora.

Há escritores que precisam ter um final. Outros esperam que ele apareça ao longo do processo de escrita do romance. Estou meio do caminho.

Mapas mentais e esquemas são uma faca de dois gumes. Quais as vantagens e perigos de recorrer a essas ferramentas para planejar um romance?

Às vezes, para avançar só precisamos de uma boa página. Uma cena fica submersa até que se revela e, com ela, aspectos desconhecidos do texto.

Quando você se dedica à história de fundo das personagens, prevê os caminhos que devem seguir e evita centenas de páginas perdidas.

Para um escritor, escolher os materiais para escrever um livro para mim é tão importante quando os que um pintor escolhe para cada tela.

MEMORABÍLIA

EASTER EGGS

Os segredos de Emilio

Meus romances têm sempre referências escondias, que não são essenciais para a compreensão dos livros, mas fazem parte um jogo com os leitores e leitoras. Nesta seção, você pode descobrir algumas dessas referências. Mas recomendo que leia apenas depois de terminar o romance, já que contém spoilers.

Os significados do nome "Emilio"

O nome Emilio vem do latim Aemilius, que significa "rival" ou "o que fala bem". Considerando que o carismático ideólogo extremista é o suposto antagonista de Cláudia, a escolha mostra uma pista onomástica. Mas, para além disso, o nome é uma referência à obra Emilio, ou da educação, de Jean-Jacques Rousseau. Escrita em 1762, traz ideias iluministas sobre a formação do indivíduo puro que é corrompido pela sociedade. É uma chave para pensar o papel do personagem no livro, mesmo que a teoria do "bom selvagem" seja posta à prova neste romance a cada momento. 

Lúcia Siracusa e o 13 de dezembro

A Lúcia de Siracusa, padroeira dos cegos, de Emilio é uma referência a Santa Luzia, cujo martírio é muito semelhante ao narrado no livro. O dia de Santa Luzia também é 13 de dezembro, data em que acontece o massacre na escola onde Marcela estudava. No romance, a data passa a ser celebrada pelos extremistas como uma data nacional. Neste dia, em 1968, instituiu-se no Brasil o AI-5.

A porta do quarto de Jorge

No apartamento de Clarissa, Cláudia descreve a fechadura do quarto de Jorge: "Me chamou a atenção a fechadura, preta e branca, em formato de losango" (p. 96). Trata-se de uma referência ao clipe da canção "Seven nation army", cuja letra fala sobre sair de sua cidade após fofocas e do desejo de voltar. Qualquer semelhança com a história de Cláudia não é mera coincidência. A canção também é sutilmente citada quando sabemos que "o país foi fatiado por sete nações" (p. 50). "Seven nation army" é, para mim, uma canção sobre vingança. Em certa medida, é o que Cláudia tem em mente, em algum momento da narrativa.

"Um bolero falso, como todos os boleros"

No começo do romance, Cláudia faz referência a ouvir um bolero "cheio de reverb e tristeza", que mais tarde saberemos ser a canção Time, da banda Pozo-Seco Singers. Ao final do romance, quando ela sai do Recreio Bonanza, escuta por uma rádio pirata, um bolero cubano, "cheio de metais solares, mas melancólicos". Em versões anteriores do livro, era incluído um trecho da canção que Cláudia ouve, mas que foi removido. Trata-se de "No toques este disco", de Bienvenido Granda. Na canção, um homem pede que tirem um disco que toca na vitrola, porque lhe traz lembranças sofridas. O fato de Cláudia ouvir um bolero cubano na rádio pirata também é uma pista sobre que países ocupam o outro lado da fronteira do que foi seu país.

Firestarter: mais que um carro

O Ford Firestarter é um símbolo ambivalente no romance. É num carro deste modelo, que não existe ainda no mundo real, que Clarissa e Cláudia vão, na juventude, ao bairro da protagonista, numa cena tensa (capítulo 5). Se é num Firestarter que Cláudia aprende a dirigir (capítulo 15), é num deles que ela é atacada por fanáticos seguidores de Emilio Garza (capítulo 17). Eu quis que o carro tivesse uma personalidade, uma aura, e acabasse se tornando um motivo e, de alguma maneira, um duplo de Cláudia. Ele é seu Rocinante. Ele é envolto pela tragédia (lembremos o episódio da m0rte da versão ficcional da cantora Taylor Pie), mas se fosse um modelo real, sua palavra seria ousadia. O Firestarter exerce um fascínio em Cláudia. No meio do caminho para a Praia Azul, um animal lhe dá um susto, mas o carro se livra. Apesar disso, neste momento, ela pede para acionar o modo manual. Claro que há também um simbolismo nesta decisão da personagem, o que se nota pelo que virá a seguir. Além da ida à quebrada de Cláudia, a guerra de gangues com Firestarters blindados também são episódios que reforçam o aspecto belicoso do Firestarter, que em certa medida se confunde com a personalidade da própria protagonista. A referência é à canção da banda Prodigy, "Firestarter", ou seja, um causador de problemas. Como Cláudia. Mas ela ironiza essa visão de uma força bruta que soluciona tudo, que o carro pode evocar. Lembremos da versão que ela dá de um final escrito por Alexandre num filme a la Hollywood. A força de Cláudia não é a do Firestarter, mas uma sutil força baseada na observação e no conhecimento. 

A música do bistrô

A cena do bistrô, em que Cláudia conhece Alexandre, é um ponto importante para estabelecer a relação da protagonista com esse personagem, mas também para plantar pistas sobre o destino de Clarissa. Ela está visivelmente embriagada e aos poucos a cena vai escalando em tensão. Para criar esse clima, escolhi como Leitmotiv a canção Downtown, de Petula Clark, que também tem uma escalada de euforia. Nesse caso, quis adotar também um tom irônico de uma dondoca que vai se divertir no centro para espairecer, uma referência à vida de herdeira de Clarissa.  A referência à música aparece na página 223: "Uma música saía das caixinhas instaladas nas paredes revestidas de madeira. Era uma canção sobre ir ao centro e esquecer os problemas ouvindo bossa nova. Poderia ser a nova música de Clarissa, mas ela já não figurava em minha playlist."