Uma das novidades de Literatura no Funcultura deste ano é a inclusão de bolsas de criação, circulação e residência literárias. Embora seja uma demanda do setor, nem todas as pessoas estão por dentro das possibilidades que essas linhas oferecem. São 40 mil reais em bolsas que podem dar uma injeção bacana tanto para o elo criativo como para o elo mediador. Dedico este artigo para explicar um pouco aos escritores, críticos e produtores como podem participar. Atenção às exigências de cada linha, que devem ser atendidas no projeto.
Bolsas de criação
Aqui talvez seja a bolsa mais óbvia: a proposta é garantir um determinado tempo para que o escritor ou a escritora possa dedicar-se a sua produção. Por exemplo, um escritor tem um projeto de romance e precisa de seis meses para terminá-lo. Pode requerer em seu projeto a bolsa, que seria uma remuneração mensal, despesas para realizar uma viagem de pesquisa para local determinado etc. O autor ou a autora, para comprovar a realização do projeto, deve entregar, ao final da bolsa, o produto criado (que pode ser ficção, poesia ou gêneros dramáticos).
São exigências desta linha:
Linha 17. Para bolsas de criação literária (ficção, gêneros dramáticos ou poesia), incluir cronograma e amostra do produto a ser desenvolvido (mínimo de vinte páginas).
O cronograma é um planejamento do seu trabalho, que deve ser realizado no mínimo durante seis meses. É ideal detalhar as atividades que realizará para a conclusão do livro. Por exemplo, se precisará fazer uma pesquisa de campo. Para participar desta linha também fica claro que o projeto já deve ter sido iniciado, uma vez que é preciso apresentar uma amostra do trabalho. Essa amostra deve ser aquilo que o proponente julgar necessário para dar uma dimensão do que pretende fazer aos julgadores. Quanto mais clareza eles tiverem da qualidade do texto a ser desenvolvido, mais propensos serão a incentivar sua produção.
Bolsas de circulação
A mesma linha 17 prevê bolsas de circulação (ações de difusão). A proposta aqui é semelhante a uma ‘turnê’ literária, em que escritores e escritoras ou grupos literários podem apresentar propostas para circular com seu trabalho, seja dentro do Estado de Pernambuco, seja em outras partes do país ou mesmo do exterior, já que não existe especificação.
Aqui, é importante detalhar no projeto qual a proposta de circulação. É um intercâmbio entre grupos de macrorregiões diferentes? É uma série de recitais em diversas cidades do Sertão? Um conjunto de ações de leitura ou recitação em comunidades tradicionais? Participação em leituras abertas em cidades da Europa? Todas são possibilidades nesta linha. Bom lembrar que, como na linha anterior, o período mínimo de realização é de seis meses.
É importante oferecer o máximo de detalhes da ação, bem como oferecer dados sobre o trabalho dos artistas envolvidos. Naturalmente não é o mesmo incentivar um grupo cujo trabalho tem consistência comprovada no projeto e apostar num grupo que tem uma proposta ousada, mas sobre o qual temos poucas informações a respeito da produção dos seus integrantes.
Não há exigências específicas, mas como todos projetos, deve haver um objetivo, justificativa etc., seguindo os moldes do formulário do Funcultura. Lembre-se quanto mais consistente o projeto, mais chances de ser incentivado.
Bolsas de crítica
A linha 18 é voltada para a produção de ensaios críticos. Consideramos super importante esta linha, pois temos um dos poucos cursos em Crítica Literária do Brasil. A filosofia é basicamente a mesma da bolsa de criação: viabilizar a dedicação exclusiva dos críticos para escreverem seus ensaios (este é o gênero focado nesta linha).
São exigências da linha:
Linha 18. Para bolsas de crítica literária (ensaio), incluir metodologia, cronograma e amostra do produto a ser desenvolvido (mínimo de vinte páginas).
Mais uma vez, quanto mais dados, mais clareza na exposição, melhor. Por seu perfil acadêmico, inclui-se aqui a exigência da apresentação de uma metodologia de trabalho, além do cronograma (plano de trabalho) e amostra do produto a ser desenvolvido. Como se vê, a linha é para projetos já iniciados, funcionado como aquela ‘forcinha’ necessária para terminar algo que já estava estruturado.
Bolsa de residência
Por fim, a bolsa de residência em crítica favorece aqueles que querem desenvolver pesquisas in loco, dentro de instituições de ensino, mas atrelados à produção de alguma comunidade. As bolsas podem ser tanto dentro do Estado como fora dele, lembrando sempre que a ‘contribuição para a cultura pernambucana’ é um dos critérios de julgamento, bem como as ‘contrapartidas sociais’. Por isso, é bom deixar claro no que o projeto contribui para o desenvolvimento cultural no estado, mesmo que consista em uma pesquisa em outro país. Incluir no projeto uma série de palestras com o resultado da residência, socializar o conteúdo na internet ou publicá-lo em forma de e-book gratuito são estratégias interessantes.
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