A felicidade em Wellington de Melo

Por Raimundo Carrero [1]Texto publicado originalmente no Diario de Pernambuco,  21 de maio de 2018

Pernambuco vem construindo uma magnífica literatura ficcional em absoluto silêncio, sem barulhos de mídia, consistente e firme, embora com obras publicadas e examinadas pela crítica, embora nossa crítica mais competente esteja nos gabinetes, nas salas de aula e nas bibliotecas.

Outra informação importante: Pernambuco concentra, hoje, um bom número de ótimos críticos literários formados na Universidade, sob a liderança de Lourival Holanda, este mestre de todos nós. Será através deste notável segmento que poderemos estudar este grande interesse recente pela ficção, justamente num Estado conhecido pela sua poesia.

Magnífica poesia, sim, que vem desde Bento Teixeira, passando por João Cabral, Carlos Pena Filho, Deolindo Tavares Audálio  Alves, Carlos Moreira, César Leal, Marcus Aciolly, Jaci Bezerra, Alberto Cunha Melo e tantos outros, Um nome, porém, se impõe na história da ficção pernambucana: Lucilo Varejão, cujos romances olindenses marcaram, desde o começa, nossa literatura. Lucilo é um ótimo criador de tipos literários e de histórias cativantes.

Destaque-se sempre, na prosa,  presença de Hermilo Borba Filho, cuja obra é decisiva para a literatura brasileira na segunda metade do século XX, sobretudo com a tetralogia Um Cavaleiro da Segunda Decadência, reunindo Margem das lembranças, porteira do mundo, cavalo da noite e Deus no pasto, além pé claro dos livros de contos. Registre-se, ainda, os romances Sol das almas e caminhos da Solidão.

Com o livro Felicidade, Wellington passa a integrar este exigente quadro de escritores nordestinos e brasileiros, apresentando um naipe de bons personagens, que se relacionam em diálogos tensos para o exame do tema central destacado no título da obra. É, assim, a consolidação de um nome forte, com uma escrita leve e surpreendente, marcada pela eliminação de cenários e o reforço de cenas definitivas. Os diálogos não são feitos apenas para conversar, mas para avançar ou esclarecer a narração.
Outro nome decisivo para a prosa brasileira é o de Maximiano Campos, autor do clássico Sem lei nem rei, e do livro de contos Na Estrada que, sem dúvida aprofunda e ressalta a história curta no País, avançando com As Emboscadas da Sorte, com longo prefácio de Ariano Suassuna criador e Animados do Movimento Armorial.

Wellington é um desses autores densamente criativos, que não se conformam com o convencional, e estão sempre procurando alternativas ou  técnicas que seduzem o leitor Um autor para se admirar. Sempre.

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1 Texto publicado originalmente no Diario de Pernambuco,  21 de maio de 2018
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