Não há arreios em uma língua
Por onde os homens possam segurá-la
E marcá-la com sinais para sua recordação.
É um rio, essa língua,
A cada mil anos
Abrindo um novo rumo
Mudando seu caminho para o oceano.
São eflúvios de uma montanha
Descendo para os vales
E de nação em nação
Cruzando fronteiras e se misturando.
As línguas morrem como os rios.
As palavras que hoje envolvem sua boca
E são partidas em forma de pensamento
Entre seus dentes e lábios que falam
Agora e hoje
Serão hieróglifos desbotados
Daqui a dez mil anos.
Cante – e cantando – lembre-se
Sua canção morre e se transforma
E não estará mais aqui amanhã
Não mais que o vento
Soprando há dez mil anos atrás.
Poema de Carl Sandburg, tradução: Bruno Piffardini
Foto (Creative Commons) kin0be
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